Química e poesia: uma análise da leitura e influência da experimentação na apropriação de conceitos

Ciência e arte possuem métodos e linguagens próprias, no entanto, uma integração entre ambas pode ser fecunda no âmbito educacional, favorecendo dentre tantas outras coisas, o desenvolvimento da imaginação, criatividade, sensibilidade e autonomia de pensamento. A despeito de tais potencialidades, ainda são poucos os trabalhos que analisam o uso de poemas em aulas de química. Desse modo o presente trabalho apresentou uma proposta pedagógica que articulou poesia e experimentação no ensino de química com o intuito de analisar as primeiras concepções e fecundações provenientes da vivência estética aliada a experimentação, visando contribuir para um ensino mais sensível e integrador. A pesquisa foi realizada com 16 estudantes do segundo ano do Ensino Médio de uma escola pública estadual localizada na região do agreste alagoano. O poema em questão abordava a temática forças intermoleculares, apresentando, sinteticamente, conceitos como polaridade, atração eletrostática, interação entre dipolos e a formação de soluções. Foram utilizados como dados da pesquisa os escritos dos alunos a partir da leitura, bem como os slides de cada apresentação em grupo sobre os experimentos realizados. A partir da análise das concepções dos estudantes, pode-se observar que o poema provocou diferentes reações, entre elas emoções de estranhamento e de humor, dúvidas, curiosidades e novos pensamentos sobre a química. A análise dos slides identificou a presença de diferentes modos de representação na tentativa de explicar os experimentos, incluindo linguagem verbal textual e linguagem visual. A despeito da relação direta dos experimentos com o texto e as reações de estranhamento e curiosidade provocadas pela leitura, tais características não foram suficientes para fomentar um pensamento além das formas canônicas do conteúdo químico. O fato de Ciência e arte serem linguagens específicas e pouco associadas no contexto escolar sugere que a vivência estética precisa ser uma atividade mais específica, de modo que as interferências sensoriais passem a estimular um tipo de reação diferente do que habitualmente ocorre.

Science and art have their own methods and languages, however, an integration between both can be fruitful in the educational field, favoring, among many other things, the development of imagination, creativity, sensitivity and autonomy of thought. Despite these potentialities, there are still few studies that analyze the use of poems in chemistry classes. In this way, the present work presented a pedagogical proposal that articulated poetry and experimentation in the teaching of chemistry in order to analyze the first conceptions and fecundations arising from aesthetic experience combined with experimentation, aiming to contribute to a more sensitive and integrative teaching. The research was carried out with 16 students of the second year of High School of a public state school located in the region of agreste Alagoas. The poem in question addressed the theme intermolecular forces, presenting, synthetically, concepts such as polarity, electrostatic attraction, interaction between dipoles and the formation of solutions. Students' writings from reading were used as research data, as well as the slides of each group presentation on the experiments carried out. From the analysis of the students' conceptions, it can be observed that the poem provoked different reactions, among them emotions of strangeness and humor, doubts, curiosities and new thoughts about chemistry. The analysis of the slides identified the presence of different modes of representation in an attempt to explain the experiments, including verbal textual and visual language. Despite the direct relationship of the experiments with the text and the reactions of strangeness and curiosity caused by reading, these characteristics were not sufficient to foster thinking beyond the canonical forms of chemical content. The fact that Science and art are specific languages ​​and little associated in the school context suggests that the aesthetic experience needs to be a more specific activity, so that the sensorial interferences start to stimulate a type of reaction different from what usually occurs.