O Mero,_ Epinephelus itajara_ (Lichtenstein 1822), conectando ecossistemas e conhecimentos: subsídios para conservação no Litoral Nordeste do Brasil.
O Mero, Epinephelus itajara (Lichtenstein 1822), conectando ecossistemas e conhecimentos: subsídios para conservação no Litoral Nordeste do Brasil.
<marcio_72al@outlook.com>
O estado de Alagoas possui aproximadamente 230 km de extensão litorânea, com recifes de
coral, lagoas costeiras, manguezais e naufrágios. Estes ambientes são habitats de diversos
peixes, dentre os quais destacamos o criticamente ameaçado mero, Epinephelus itajara.
Buscando conhecer a ocorrência, relação com a pesca, uso do habitat e distribuição espacial de
E. itajara em Alagoas, utilizamos metodologias não destrutivas e participativas, como a FotoIdentificação, Mergulho Científico, Ciência Cidadã e Conhecimento Ecológico Local (CEL),
entre os anos de 2017 e 2020. Dessa forma, o presente trabalho também teve como objetivo
identificar áreas prioritárias de conservação para o mero. Ao todo foram obtidas imagens de 85
meros através do Mergulho Científico e Ciência Cidadã. Destes, 59 meros foram fotoidentificados, com 4 indivíduos vivos sendo reavistados, nos limites de Unidades de
Conservação (UC’s). No total, indivíduos vivos representaram 73% (n=62) e mortos 27%
(n=23), com 10 registros de capturas intencionais. meros juvenis (CT < 100 cm) somaram 55%,
adultos 21% (CT = 100 e 150 cm) e adultos grandes 24% (CT >150 cm). Os juvenis
demonstraram ser comuns em recifes costeiros rasos (<10 m), enquanto adultos e adultos
grandes distribuíram-se por recifes naturais e estruturas artificiais com profundidade entre 10 e
40 m. Sobre a distribuição espacial dos meros, a ocorrência foi significantemente maior (p <
0.001) na Costa Sul de Alagoas, com 55% (n=47) dos registros. O município de Piaçabuçu
destacou-se com 48% (n=41) das ocorrências, sendo 33 registros de juvenis no estuário do Rio
São Francisco (RSF). Quanto ao CEL, foram realizadas 32 entrevistas com pescadores
artesanais (n=12), esportivos subaquáticos (n=10) e mergulhadores SCUBA (n=10). Todos
conhecem o mero, com 78% (n=25) informando que a espécie ainda é alvo de pescarias e 7
pescadores descrevendo a realização de capturas ilegais. Através dos relatos, foram mapeados
37 locais onde os meros ocorrem, distribuídos na Costa Sul (65%), Central (30%) e Norte (5%),
com destaque para uma estrutura artificial localizada próxima a Foz do RSF, que obteve 12
citações sobre possíveis agregações. Estes resultados revelam áreas prioritárias de conservação
localizadas na Costa Sul, especialmente, na região influenciada pelo RSF, como o estuário do
RSF e possíveis agregações. Além disso, essas informações podem ser utilizadas para o manejo
local e incorporados na avaliação do status de conservação da espécie. A expansão ou a criação
de novas UC’s em Alagoas podem ser alternativas para a recuperação populacional do mero.
Contudo, há urgência na ampliação dos estudos e aplicação de ações de manejo de curto e
longo, como: atividades de educação ambiental, divulgação da legislação pesqueira,
capacitação de guias de pesca esportiva e aumento da fiscalização.
The state of Alagoas has approximately 230 km of coastline, with coral reefs, coastal lagoons,
mangroves and shipwrecks. These environments are habitats for several fish, among which we
highlight the critically endangered Goliath grouper, Epinephelus itajara. Seeking to learn about
ecological and spatial distribution aspects of this species on the coast of Alagoas, we used
participatory and non-destructive methodologies such as Photo-identification, Scientific Diving
Citizen Science and Local Ecological Knowledge (LEK), between the years 2017 and 2020.
Thus, the present work also aimed to identify priority conservation areas for Goliath grouper.
Altogether images of 85 Goliath grouper were obtained through Scientific Diving and Citizen
Science. Of these, only 59 E. itajara were photo-identified, with 4 alive, being re-searched,
within the limits of Conservation Units (UC's). Live animals totaled 73% (n = 62), with only 4
confirmed re-searches. And dead individuals, 27% (n = 23), with records of intentional catches.
Goliath grouper juveniles (TC < 100 cm) totaled 55%, adults 21% (TC = 100 and 150 cm) and
large adults 24% (TC >150 cm). E. itajara juveniles proved to be common in shallow coastal
reefs (<10 m) of the Alagoas coast, while adults and large adults were distributed in artificial
structures, between 10 and 40 m deep. About the spatial distribution of the Goliath grouper, the
occurrence was significantly higher (p <0.001) on the South Coast of Alagoas, with 55% (n =
47) of the records, with the North and Central showing similar numbers. The municipality of
Piaçabuçu stood out with 48% (n = 41) of the occurrences, with 33 records of juveniles in the
São Francisco River (RSF) estuary. As for the LEK, 32 interviews were conducted with
artisanal fishermen (n=12), spearfisher (n=10) and SCUBA divers (n=10). All reported
knowing Goliath grouper, with 78% (n=25) alleging that the species is still the target of fisheries
and 7 fishermen describing the intentional catch. Through the reports, 37 places were mapped
where the E. itajara occurred, distributed on the South Coast (65%), Central (30%) and (5%)
North, with emphasis on an artificial structure located near Mouth of RSF, which obtained 12
citations about possible aggregations. These results reveal priority conservation areas located
on the South Coast, especially in the region influenced by the RSF, such as the RSF estuary and
possible aggregations. In addition, this information can be used for local management and
incorporated into the conservation status assessment of the species. The expansion or creation
of new UC's in Alagoas may be alternatives for the population recovery of E. itajara. However,
there is an urgent need to expand studies and apply short and long-term management actions,
such as: environmental education activities, dissemination of fisheries legislation, training of
sport fishing guides and increased inspection.
Dr. Alves, Johnatas Adelir.
Batista, Vandick da Silva.
Epinephelidae - Mero.
Pesca.
Litoral Nordeste - Brasil .
Conservação - Participação Social.
Acesso restrito até 28 de janeiro de 2022. Acesso liberado em 31 de janeiro de 2022.