A relação entre o processo de luto e a cultura: um estudo analítico- comportamental

O processo de luto é um fator presente na sociedade e tem características que estão relacionadas com a cultura. Tendo em vista essas questões, investigar como se dá a relação entre esses dois fenômenos é relevante para a atuação dos profissionais que lidam com demandas que envolvam o luto. Em vista disso, o presente trabalho teve como objetivo compreender as nuances envolvidas na relação entre o processo de luto e a cultura a partir do viés Analítico-Comportamental. Para isso, foi necessário entender a relação entre cultura e comportamento, investigar como o processo de luto é concebido em diferentes perspectivas e discutir a relação entre a cultura e o processo de luto na ótica da Análise do Comportamento. Diante disso, a pesquisa que fundamentou este trabalho foi de caráter qualitativo, bibliográfico e descritivo, e utilizou de livros e artigos como fontes de referência para a análise do processo de luto e da cultura de modo particular e também de maneira relacional, essa ocorreu através da análise temática de como a sociedade Ocidental lida com a morte, do papel da cultura nos sentimentos e da patologização do luto. Nas Ciências Sociais, a relação entre cultura e comportamento se baseia no Universalismo ou no Particularismo, tendo como diferencial a concepção de Harris, que associa os modos de vida com aspectos práticos e naturais, na Antropologia, e na cultura popular, cultura nacional e cultura das massas, na Sociologia. Na Psicologia, essa relação é apresentada de forma mais individualista ou mais social, ou, como é o caso do Behaviorismo Radical, como um dos elementos da multideterminação do comportamento, sendo que para este a cultura é um dos níveis de seleção do comportamento e é importante para a sobrevivência do indivíduo e do grupo. Acerca do luto, é possível identificar teorias que o concebe como um estado ou um processo, algo normal ou patológico, que ocorre em fases, etapas, estágios ou tarefas. Na Análise do Comportamento, o luto decorre de variáveis filogenéticas, ontogenéticas e culturais. No aspecto cultural a mudança do lugar da morte na sociedade, de um tema familiar para um interdito, fez com que o luto também recebesse desaprovação. Sobre os sentimentos que estão presentes no luto, o sujeito aprende a nomeá-los por meio da comunidade verbal e esta pode apresentar reforçadores ou aversivos quando eles são emitidos pela pessoa enlutada. O ambiente social também é responsável pela definição do processo de luto como algo “normal” ou “patológico”. Portanto, as práticas culturais impactam no processo de luto e na sua elaboração, bem como se modificam com o tempo para que possam garantir a sobrevivência do grupo. Por isso, é importante realizar mais pesquisas sobre o assunto a fim de desenvolver intervenções cada vez mais eficazes no processo de elaboração do luto, visando o bem-estar do indivíduo e do grupo. 

The grieving process is a factor present in society and has characteristics that are related to culture. Considering these issues, investigating how the relationship between these two phenomena occurs is relevant to the performance of professionals who deal with demands that involve grief. In view of this, the present study aimed to understand the nuances involved in the relationship between the grieving process and culture from an Analytic-Behavioral perspective. For this, it was necessary to understand the relationship between culture and behavior, investigate how the grieving process is conceived in different perspectives, and discuss the relationship between culture and the grieving process from the perspective of Behavior Analysis. Therefore, the research that supported this work was qualitative, bibliographic and descriptive, and used books and articles as reference sources for the analysis of the mourning process and culture in a particular and relational way, this occurred through thematic analysis of how Western society deals with death, the role of culture in feelings and the pathologization of grief. In Social Sciences, the relationship between culture and behavior is based on Universalism or Particularism, with the differential being Harris' conception, which associates ways of life with practical and natural aspects, in Anthropology, and in popular culture, national culture and mass culture, in Sociology. In Psychology, this relationship is presented in a more individualistic or social way, or, as in the case of Radical Behaviorism, as one of the elements of the multidetermination of behavior, and for this, culture is one of the levels of behavior selection and it is important for the survival of the individual and the group. Regarding grief, it is possible to identify theories that conceive it as a state or a process, something normal or pathological, which occurs in phases, stages or tasks. In Behavior Analysis, grief is the result of phylogenetic, ontogenetic, and cultural variables. In the cultural aspect, the change in the place of death in society from a familiar theme to an interdict meant that mourning also received disapproval. About the feelings that are present in mourning, the subject learns to name them through the verbal community and this can present reinforcers or aversives when they are emitted by the bereaved person. The social environment is also responsible for defining the grieving process as something “normal” or “pathological”. Therefore, cultural practices impact the grieving process and its elaboration, as well as change over time so that they can ensure the survival of the group. For this reason, it is important to conduct more research on the subject in order to develop increasingly effective interventions in the process of mourning elaboration, aiming at the well-being of the individual and the group.