Estatuto sintático e semântico das orações subordinadas adjetivas e completivas nominais do português do Brasil

As operações que se estabelecem entre as orações subordinadas e suas principais são apresentadas, quase sempre, pelo ponto de vista de relações sintáticas. No entanto, autores como Silva (2016) apontam para que essa definição não seja aplicável a todas elas, por haver também orações pautadas pelas relações semânticas. Este trabalho tem como foco as Orações Subordinadas Adjetivas e as Substantivas Completivas Nominais, na busca por determinar o estatuto que rege a relação estabelecida entre elas e sua principal, no Português do Brasil (PB): se ocorre em nível sintático e/ou semântico. Por meio da verificação da propriedade de encaixamento, é possível fazer a checagem de ocorrência de relação sintática ou semântica ou de ambas. O trabalho mostra-se importante pelo fato de possibilitar ao pesquisador a reavaliação de seus próprios conhecimentos e a aquisição de novos acerca do funcionamento dessas orações no PB. Além disso, as descobertas alcançadas com ele podem beneficiar professores de Língua Portuguesa, levando-os a reavaliar o direcionamento de suas propostas pedagógicas de ensino desse conteúdo, e beneficiar também seus alunos, de forma a compreenderem melhor esse assunto e, por conseguinte, de evoluírem em suas produções escritas. Suas descobertas são também relevantes por poderem servir como base para a produção de outros materiais e para a realização de outras pesquisas nesta linha. Para alcançar esses objetivos, optou-se pela adoção de um cunho qualitativo de pesquisa e pela constituição de um corpus a partir de produções espontâneas e de recortes de publicações de circulação nacional. Assim, foram selecionados artigos do jornal Folha de S. Paulo e das revistas VEJA, IstoÉ e Época, nas respectivas quantidades de um, seis, três e quatro, publicados entre os anos de 2016 e 2017. Em seguida, esses artigos foram submetidos a mais de uma leitura, e as orações concernentes presentes no texto foram submetidas a análises sintáticas. Tomou-se também como base as propostas trazidas em Lima (1993), Bechara (2009), Garcia (2010) e Perini (2004), (2005) e (2010). Por fim, os resultados alcançados apontaram que as orações adjetivas restritivas e as completivas nominais operam como orações encaixadas presas, para as quais se aplica o estatuto +sintático e – semântico, porque são mantenedoras de uma relação sintática obrigatória; já as orações adjetivas explicativas operam como orações encaixadas livres, apresentando o estatuto + semântico e – sintático, uma vez que mantêm uma relação de exigência semântica.

In Brazilian Portuguese (BP), the relation between subordinate clauses and main clauses is commonly treated as to be only a syntactic one. However, authors like Silva (2016) indicate that this treatment may not apply to all of the subordinate clauses, since some of them are bounded to the main clause by semantic relations. This study analyzes the adjective and complement clauses in BP in the search for the statute that defines the relation between them and their main clauses. Specifically, through the verification of the clause embedding, it investigates whether this relation is established by a syntactic or a semantic bind. The importance of this work is threefold: firstly, it enables the researcher to reevaluate his own knowledge of how those clauses work in BP, while providing the acquisition of new knowledge; secondly, its findings may benefit teachers of Portuguese by providing a room for reviewing their own pedagogical approach, whereby they may improve their students’ understanding of the subject and, consequently, their writing abilities; and thirdly, those findings may also promote the development of new teaching materials and new researches on this line of study. In order to achieve the presented objectives, a qualitative perspective was adopted, and the corpus was composed of deliberately constructed sentences and articles from nationwide publications. In total, 14 articles published in the newspaper Folha de S. Paulo (1) and the magazines VEJA (6), IstoÉ (3), and Época (4) between the years 2016 and 2017 was selected. Those articles were read and interpreted, and its concerning clauses were submitted to syntactic analysis in light of the ideas proposed by Lima (1993), Bechara (2009), Garcia (2010), and Perini (2004), (2005), (2010). Finally, on one hand, the results suggest that restrictive relative clauses and complement clauses operate as tightly embedded clauses, thus having a +syntactic and –semantic statute, which means they are bounded by a syntactic bind. On the other hand, those results also suggest that non-restrictive relative clauses operate as loosely embedded clauses, thus having a +semantic and –syntactic statute, since they maintain a semantic demanded relation with their main clauses.