Homens e mulheres de farda no contexto da COVID-19: o trabalho dos policiais militares no Brasil

O objetivo deste estudo é discutir sobre o trabalho dos policiais militares no contexto da pandemia de Covid-19 no Brasil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de modalidade documental e bibliográfica, cuja as fontes de dados bibliográficas foram documentos especializados sobre policiais militares e a atuação destes na pandemia de Covid-19 e artigos completos disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) em português, selecionados pelos marcadores “policiais” e “covid-19”. As principais fontes documentais utilizadas foram 1) Documento da Advocacia Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre inclusão de policiais na vacinação; 2) Plano Nacional Operacionalização da Vacinação contra Covid-19; 3) Agências de notícias do Estado de Alagoas; 4) Matérias de jornais impressos ou veiculadas por meio digital confiável (período de mar/2020 até nov/2021). O marco teórico deste estudo encontra-se dentro da discussão da saúde do (a) trabalhador (a), das reflexões marxistas em torno do trabalho e dos riscos e exigências advindos do processo de trabalho. Os principais resultados obtidos foram: Em 2020, o número de vitimização de policiais militares pela Covid-19 foi oito vezes o número de mortos em confronto durante o serviço e, o dobro se considerado também os trabalhadores que estavam de folga. Em Alagoas, foram afastados 2.071 policiais do trabalho pela Covid-19 no ano passado. Destes, 1980 eram policiais militares, correspondendo a 95,6% do total dos afastados. Esse percentual representa uma taxa de 226,1 trabalhadores da polícia militar para cada 100 mil habitantes infectados. Ainda de acordo com esses dados, 8 (oito) policiais morreram em decorrência de complicações da Covid-19, sendo 6 (seis) deles policiais militares. Quase que a totalidade dos policiais militares (93,1%) considera que sua rotina de trabalho e atividades cotidianas os expõem ao risco de contrair Covid-19. Mais de 70.000 (setenta mil) militares estaduais foram infectados pela Covid-19, desses, mais de 2.500 foram internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Por fim, conclui-se que a vitimização dos policiais militares pela Covid-19 tem razão direta com a sobrecarga de demandas de suas atividades no período da pandemia.

The aim of this study is to discuss the work of military police officers in the context of the Covid-19 pandemic in Brazil. This is a qualitative research of documentary and bibliographic modality, whose bibliographic data sources were specialized documents on military police officers and their role in the Covid-19 pandemic and full articles available in the Virtual Health Library (VHL) in Portuguese, selected by the markers “police” and “covid-19”. The main documental sources used were 1) Document from the General Advocacy of the Union (AGU) to the Federal Supreme Court (STF) on the inclusion of police officers in vaccination; 2) National Operational Plan for Vaccination against Covid-19; 3) Alagoas State news agencies; 4) Newspaper articles printed or broadcast by reliable digital means (period from Mar/2020 to Nov/2021). The theoretical framework of this study is within the discussion of worker health, Marxist reflections on work and the risks and demands arising from the work process. The main results obtained were: In 2020, the number of victimization of military police officers by Covid-19 was eight times the number of deaths in confrontations during the service, and double the number of workers who were off duty. In Alagoas, 2,071 police officers were removed from work by Covid-19 last year. Of these, 1,980 were military police officers, corresponding to 95.6% of the total on leave. This percentage represents a rate of 226.1 military police workers for every 100,000 infected inhabitants. Also according to these data, 8 (eight) police officers died as a result of complications from Covid-19, 6 (six) of them being military police officers. Almost all military police officers (93.1%) believe that their work routine and daily activities expose them to the risk of contracting Covid-19. More than 70,000 (seventy thousand) state soldiers were infected by Covid-19, of these, more than 2,500 were admitted to the Intensive Care Unit (ICU). Finally, it is concluded that the victimization of military police officers by Covid-19 is directly due to the overload of demands of their activities during the pandemic period.