"Um grito inchado de esperança": representações subalternas na poética de Noémia de Sousa

Uma das vozes mais potentes da literatura moçambicana, Noémia de Sousa marcou as produções do período de pré-independência do país com versos inflamados de denúncia, espaços abertos para o canto suprimido de seus irmãos colonizados. Com o objetivo de perceber como a subalternidade é representada em sua obra poética, datada entre 1948 e 1951, foram selecionados os poemas “Zampungana” e “Moças das docas”. Ambos estão presentes no segmento “Munhuana 1951”, de Sangue Negro (2016), seu único livro publicado. As análises, de natureza qualitativa, fundamentam-se, dentre outros, nos trabalhos de Bonini(2018), Zamparoni (1998), Santos (2016), Mendonça (1986), Padilha (2002) e Spivak (2010), e revelam emocionadas expressões da existência e resistência de sujeitos subalternos. Por meio de suas vozes, também se registra uma capital moçambicana marcada pelo período colonial.

One of the strongest voices of the Mozambican literature, Noémia de Sousa marked the poetic productions from the country’s pre-independence period with verses inflamed with denunciation, open spaces for the suppressed cry from her colonized brothers. Aiming to perceive how the subalternity is portrayed in her works, dated between 1948 and 1951, the poems “Zampungana” and “Moças das docas” were selected. Both are included in the“Munhuana 1951” segment from Sangue Negro (2016), her only published book. The analyses, of a qualitative nature, are based, among others, in the works of Bonini (2018), Zamparoni (1998), Santos (2016), Mendonça (1986), Padilha (2002) and Spivak (2010), and reveal moving expressions of the subaltern individuals’ existence and resilience. Through their voices, is also registered a Mozambican capital plagued by the colonial era.