Estudo soroepidemiológico sobre a artrite encefalite caprina no Agreste alagoano

 A Artrite Encefalite Caprina (CAE) é causada pelo lentivírus de pequenos ruminantes e acarreta em grandes perdas econômicas nos rebanhos caprinos, principalmente naqueles de produção leiteira, afetando animais de diferentes raças, idades e sexo. As perdas econômicas ocorrem direta indiretamente, caracterizando-se pela morte de animais, diminuição da produção de leite, predisposição a infecções na glândula mamária, desvalorização dos rebanhos, despesas com intervenções para o controle da doença e barreiras comerciais para os produtos. Diante disso o presente trabalho objetivou fazer uma revisão de literatura sobre a artrite encefalite caprina, determinar a soroprevalência da CAEV e os fatores epidemiológicos que podem predispor a infecção em propriedades de caprinos da mesorregião do Agreste Alagoano. O trabalho foi realizado durante o período de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018 na mesorregião do Agreste Alagoano, nos municípios de Arapiraca, Craíbas, Coité do Nóia, Igaci, Limoeiro de Anadia e Palmeira dos Índios. Para a realização de exames sorológicos foram coletadas amostras de sangue de todos os caprinos acima de três meses das propriedades. As amostras foram encaminhadas para a Universidade Federal Rural de Pernambuco para a realização do IDGA. Os dados epidemiológicos foram obtidos a partir de questionários semiestruturados, os produtores foram convidados a participar da entrevista com foco em informações gerais da fazenda, incluindo o estado de saúde do rebanho, histórico de doenças e práticas de manejo na propriedade. Foram visitadas 15 propriedades e coletadas amostras de sangue de 390 animais. Obteve-se a soroprevalência de 11,79% (46/390). Observou-se que as propriedades que adquiriram animais em um período superior a um ano da data de coleta das amostras (25/130) apresentaram uma prevalência maior de caprinos soropositivos. Das 15 propriedades, 11 participam de feiras e exposições agropecuárias; dos 46 animais soropositivos, 40 são oriundos dessas propriedades. As propriedades que não possuíam reprodutor próprio, apresentaram um número elevado de animais soropositivos, 38,63%, quando comparado com rebanhos que possuíam o próprio reprodutor 8,38%. Observou-se uma maior soroprevalência entre os caprinos de rebanhos que possuíam até 20 animais, 30,43%, havendo diferença estatística entre os dados. Constatou-se que rebanhos que efetuavam colostragem direto da mãe ou na mamadeira, apresentaram prevalência de animais soropositivos bem semelhantes (11,84% e 11,11% respectivamente). Todo o leite ofertado aos animais era in natura, sem nenhum tratamento térmico. Nenhuma das propriedades amostradas tinham testados sorologicamente os animais para CAE. O presente trabalho demostrou alguns fatores epidemiológicos podem colaborar com a disseminação do vírus nos rebanhos, uma vez que encontrou-se maior soroprevalência nas propriedades que realizavam essas práticas, entre eles a participação de feiras e exposições, ausência de reprodutor e não realização de pré e pós-dipping, e a forma de identificação dos animais.

 Caprine Arthritis Encephalitis (CAE) is caused by lentiviruses of small ruminants and causes great economic losses in goats, mainly dairy cattle, affecting animals of different races, ages and sex. The economic losses occur directly and indirectly, characterized by the death of animals, decreased milk production, predisposition to infections in the mammary gland, devaluation of the herds, expenses with interventions to control the disease and commercial barriers to the products. Therefore, the present work aimed to review the literature on caprine arthritis encephalitis, to determine CAEV seroprevalence, and epidemiological factors that may predispose to infection in caprine animals of the Agreste Alagoano mesoregion. The work was carried out during the period from December 2017 to February 2018 in the Agreste Alagoano mesoregion, in the municipalities of Arapiraca, Craíbas, Coité do Nóia, Igaci, Limoeiro de Anadia and Palmeira dos Índios. For serological tests, blood samples were collected from all goats over three months of the properties. The samples were sent to the Federal Rural University of Pernambuco for the realization of Agar gel immunodiffusion(AGID). Epidemiological data were obtained from semi-structured questionnaires, producers were invited to participate in the interview with a focus on general farm information, including herd health status, disease history and management practices at the farm. We visited 15 properties and collected blood samples from 390 animals. Seroprevalence of 11.79% (46/390) was obtained. It was observed that the properties that acquired animals over a period of one year from the date of sampling (25/130) showed a higher prevalence of seropositive goats. Of the 15 properties, 11 participate in agricultural fairs and exhibitions; of the 46 seropositive animals, 40 come from these properties. The properties that did not have their own reproductive system presented a high number of seropositive animals, 38.63%, when compared to herds that had the own reproductive 8,38%. A higher seroprevalence was observed among goat herds that had up to 20 animals, 30.43%, with a statistical difference between the data. It was found that herds that had direct colostomy of the mother or the bottle presented a prevalence of very similar seropositive animals (11.84% and 11.11%, respectively). All the milk offered to the animals was in natura, without any heat treatment. None of the sampled animals had serologically tested the animals for CAE. The present work showed that some epidemiological factors can contribute to the spread of the virus in the herds, since greater seroprevalence was found in the properties that carried out these practices, among them the participation of fairs and exhibitions, absence of breeder and no pre and post- dipping, and the animal identification form.