“É uma mistura de medo e raiva”: experiências de violência obstétrica no agreste alagoano
“É uma mistura de medo e raiva”: experiências de violência obstétrica no agreste alagoano
<amanda.alves@arapiraca.ufal.br> Ferreira, Vanessa Vitória Silva.
<vanessa.ferreira@arapiraca.ufal.br>
O fenômeno da violência é multifacetado e se tornou uma problemática social devido à sua expressão diversa. O presente trabalho visou conhecer relatos cotidianos de violência obstétrica experimentadas por mulheres do agreste alagoano. Para tanto, os objetivos específicos se direcionaram a averiguar o conhecimento prévio de mulheres sobre violência obstétrica; apontar contribuições teórico-práticas da psicologia para o enfrentamento à violência obstétrica e compreender as interseccionalidades entre diferentes marcadores sociais nos casos de ocorrência de violência obstétrica. Acerca dos aspectos metodológicos, o presente trabalho parte de uma abordagem qualitativa, utilizando como metodologia principal rodas de conversa virtuais com um grupo de cinco 5 mulheres residentes do agreste alagoano, vítimas de violência obstétrica, sendo elas: Íris, Melissa, Flora, Jasmin e Magnólia. Utilizou-se como ferramenta analítica os pressupostos da interseccionalidade, combinados à análise de conteúdo. Como resultados, são apontadas quatro categorias que abarcam as experiências vivenciadas pelas mulheres, sendo elas: Desconhecimento a respeito do tema; Microexercícios de poder; Violência obstétrica: uma história que se repete e Repercussões da Violência Obstétrica. A partir disso, foi possível refletir sobre a importância de expandir os debates sobre violência obstétrica, à luz dos aspectos interseccionais, tendo em vista que seu caráter multifacetado exige uma interpretação ampliada, além de viabilizar, através da escuta das mulheres vítimas de violências, o reconhecimento de suas inúmeras violações, em busca de promover empoderamento de suas histórias. Nesse cenário, destacamos a atuação da Psicologia enquanto ciência e profissão, podendo promover uma assistência respeitosa e humanizada, se direcionando para enfrentar e combater a violência obstétrica.
The phenomenon of violence is multifaceted and has become a social problem due to its diverse expression. The present work aimed to understand everyday reports of obstetric violence experienced by women in rural Alagoas. To this end, the specific objectives were aimed at investigating women's prior knowledge about obstetric violence; point out theoretical-practical contributions of psychology to combat obstetric violence and understand the intersectionalities between different social markers in cases of obstetric violence. Regarding methodological aspects, the present work is based on a qualitative approach, using as its main methodology virtual conversation circles with a group of five women living in rural Alagoas, victims of obstetric violence, namely: Íris, Melissa, Flora, Jasmin and Magnolia. The assumptions of intersectionality were used as an analytical tool, combined with content analysis. As results, four categories are highlighted that cover the experiences lived by women, namely: Lack of knowledge regarding the topic; Power micro-exercises; Obstetric violence: a story that repeats itself and Repercussions of Obstetric Violence. From this, it was possible to reflect on the importance of expanding debates on obstetric violence, in light of intersectional aspects, considering that its multifaceted character requires a broader interpretation, in addition to making it possible, through listening to women who are victims of violence, to recognition of their countless violations, seeking to promote empowerment of their stories. In this scenario, we highlight the role of Psychology as a science and profession, being able to promote respectful and humanized assistance, aimed at confronting and combating obstetric violence.
Junqueira, Telma Low Silva.
Ensino superior público.