Formas da violência relacionada à LGBTfobia no Agreste alagoano

Formas da violência relacionada à LGBTfobia no Agreste alagoano

Autor(a)
Santos, José Anderson dos.
<jose.santos2@arapiraca.ufal.br>
Ano de publicação
2024
Data da defesa
01/02/2024
Curso/Outros
Enfermagem
Número de folhas
117
Tipo
TCC - Trabalho de Conclusão de Curso
Local
UFAL, Campus Arapiraca, Unidade Educacional ARAPIRACA
Resumo

No Brasil, o movimento LGBT iniciou suas atividades a partir da luta por direitos a população LGBTQIAPN+. Esse, por ser um grupo ora invisível, ora não aceito pela sociedade, enfrenta violências generalizadas devido à discriminação social, sendo a LGBTfobia uma forma desafiadora de preconceito que apresenta repercussões na vida de quem a vivência. O Brasil se configura como o país que mais mata essa população no mundo, sendo o estado de Alagoas o líder do ranking, das unidades federativas do país, com maior mortalidade por milhão de habitantes. Além disso, em 2022, Arapiraca se destacou como a 8a cidade que mais teve mortes violentas de LGBTs, de todo o Brasil. Desta forma, este estudo exploratório-descritivo concentrou-se na análise da associação entre a violência relacionada à LGBTfobia e as características socioeconômicas das vítimas, na região do Agreste Alagoano. Teve como amostra pessoas LGBTQIAPN+, residentes no Agreste Alagoano que sofreram violência relacionada à LGBTfobia. A coleta de dados foi realizada por meio de um instrumento, que continha: características socioeconômicas, formas de expressão e características das violências sofridas. A análise dos dados foi conduzida utilizando os softwares SPSS® 23 e StataMP® 13, realizado frequência relativa, média, desvio padrão, máximo e mínimo, Análise Fatorial de Correspondência Múltipla e teste qui- quadrado. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas. Dos 113 participantes, 83,2% relataram ter sofrido violência devido à sua identidade de gênero ou orientação sexual. As violências mais frequentes foram psicológicas, seguidas por violência moral, física, sexual e patrimonial. Violências variam e são influenciadas por características distintas e específicas, conforme constatado. A cor preta se apresentou como mais vulnerável para sofrer violência, sendo essa a mais prevalente quando se fala de violência física, psicológica, sexual e moral. A população da zona rural foi a mais vulnerável para as violências sexual, patrimonial e moral, assim como pessoas com renda de um a três salários mínimos para a violência física, psicológica e moral e as pessoas da religião católica para as violências física, sexual e patrimonial. Além disso, a pesquisa indicou que as vítimas LGBTQIAPN+ tendem a não denunciar as violências sofridas, mas entre os que o fizeram, houve uma associação entre pessoas brancas, renda familiar mais alta e maior probabilidade de denúncia. Pessoas pretas, com renda familiar abaixo de três salários mínimos, residentes em zona rural e que são da religião católica possuem um perfil de vulnerabilidade de maior risco, demonstrando assim que as formas que essa violência se expressa estão diretamente associadas com as diferenças socioeconômicas das vítimas. O estudo destaca a influência do meio social e cultural na expressão dessa violência, enfatizando o papel significativo do ambiente na ocorrência da agressão e na predisposição do agressor. Assim, o agreste alagoano foi identificado como um local de muita insegurança para pessoas LGBTQIAPN+, destacando a necessidade de estratégias para a efetividade da legislação com ações de conscientização social e valorização da vida.

Abstract

In Brazil, the LGBT movement began its activities in the fight for rights for the LGBTQIAPN+ population. This group, at times invisible and at times not accepted by society, faces widespread violence due to social discrimination, with LGBTphobia being a challenging form of prejudice that has repercussions on the lives of those who experience it. Brazil stands out as the country with the highest number of killings of this population worldwide, with the state of Alagoas leading the ranking among the federal units, having the highest mortality rate per million inhabitants. In addition, in 2022, Arapiraca stood out as the 8th city with the highest number of violent deaths of LGBT individuals throughout Brazil. This exploratory-descriptive study focused on analyzing the association between violence related to LGBTphobia and the socioeconomic characteristics of the victims in the Agreste Alagoano region. The sample consisted of LGBTQIAPN+ individuals residing in Agreste Alagoano who had experienced violence related to LGBTphobia. Data collection was done through an instrument that included socioeconomic characteristics, forms of expression, and characteristics of the violence suffered. Data analysis was conducted using SPSS® 23 and StataMP® 13 software, involving relative frequency, mean, standard deviation, maximum and minimum, Multiple Correspondence Analysis, and chi-square test. The research was approved by the Research Ethics Committee of the Federal University of Alagoas. Of the 113 participants, 83.2% reported experiencing violence due to their gender identity or sexual orientation. The most frequent types of violence were psychological, followed by moral, physical, sexual, and patrimonial violence. Violences vary and are influenced by distinct and specific characteristics, as observed. Black individuals were found to be more vulnerable to violence, with this being the most prevalent type when it comes to physical, psychological, sexual, and moral violence. The rural population was the most vulnerable to sexual, patrimonial, and moral violence, while individuals with a income of one to three minimum wages were vulnerable to physical, psychological, and moral violence. Moreover, the research indicated that LGBTQIAPN+ victims tend not to report the violence suffered, but among those who did, there was an association with white individuals, higher family income, and a higher likelihood of reporting. Black individuals, with a family income below three minimum wages, residing in rural areas, and practicing the Catholic religion have a profile of greater vulnerability, demonstrating that the ways in which this violence manifests are directly associated with the socioeconomic differences of the victims. The study highlights the influence of social and cultural environments in the expression of this violence, emphasizing the significant role of the environment in the occurrence of aggression and the predisposition of the aggressor. Therefore, the Agreste Alagoano was identified as a location with a high level of insecurity for LGBTQIAPN+ individuals, emphasizing the need for strategies to effectively implement legislation through social awareness and the promotion of life. 

Orientador(a)
Ma. Barros, Luciana de Amorim.
Banca Examinadora
Dr. Santos, Antonio César de Holanda.
Dr.ª Farias, Karol Fireman de.
Palavras-chave
LGBTQIAPN+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais/Transgêneros/Travestis, Queer, Intersexual, Assexual, Pansexual e Não-binários).
Minorias sexuais - Violência.
LGBTfobia.
Áreas do Conhecimento/Localização
Coleção Propriedade Intelectual (CPI) - BSCA.
Categorias CNPQ
4.00.00.00-1 Ciências da saúde.
Visualizações
109
Observações

Acesso restrito solicitado pelo autor. Provável liberação em 06 fev. 2025.