Os fundamentos sócio-históricos da masculinidade hegemônica: elementos para entender a manifestação da violência da identidade social masculina na escola contemporânea

O presente estudo tem como objetivo desvelar os fundamentos socio-históricos da masculinidade hegemônica e sua manifestação no ambiente escolar, explorando o surgimento do ser social e da organização das primeiras comunidades humanas, mais especificamente dos caçadores e coletores, evidenciando como se configurava a masculinidade, a autonomia, a individualidade e a educação nestas sociedades. Além disso, aborda a temática da dominação de gênero e sua influência nas estruturas sociais e culturais da sociedade de classes, utilizando as análises de Bourdieu (2012), Saffioti (1987) e Saffioti (2004). Este estudo tem como problema de pesquisa a masculinidade que se apresenta nos ambientes escolares tentando compreender, sobretudo, os meios pelo qual a escola produz e reproduz noções de masculinidade violentas que estão conectadas a diversos tipos de opressão experimentadas pelos indivíduos neste modelo de sociabilidade. Quanto aos aspectos metodológicos deste estudo, optamos pela realização de uma pesquisa exploratória, a partir do método do materialismo histórico. Sendo este um trabalho de caráter teórico bibliográfico, no qual foram realizadas leituras de autores que tratam das temáticas relativas a este trabalho, foi feita a extração de excertos que evidenciam a natureza do fenômeno estudado. Além disso, os textos foram estudados a partir da técnica da leitura imanente na qual as leituras são esmiuçadas de modo que possamos nos aprofundar na interpretação daquilo que foi lido chegando às categorias fundamentais do objeto estudado. Concluímos que a escola é uma instância da sociedade de classes e, por isso, contribui intencional e ativamente para a construção de noções de masculinidade produtoras de violência no ambiente escolar. Não há a possibilidade de construção de uma masculinidade verdadeiramente plural e distante da produção da violência dentro do capitalismo visto que a essência da sociedade de classes está diretamente ligada à opressão de alguns em favor de outros. Este trabalho pode servir, para a formação de professores, de ponto de partida para discussões acerca das dinâmicas de gênero que estão presentes na escola, formando docentes que possuem maior criticidade no que tange estas questões, de modo que possam intervir intencionalmente para o combate a esta problemática. 

The present study aims to unveil the socio-historical foundations of hegemonic masculinity and its manifestation in educational settings, exploring the emergence of the social being and the organization of the first human communities, more specifically that of hunters and gatherers, highlighting how masculinity, autonomy, individuality and education were configured in these societies. Furthermore, it addresses the theme of gender domination and its influence on social and cultural structures of class society, using the analyzes of Bourdieu (2012), Saffioti (1987) and Saffioti (2004). This study's research problem is the masculinity that presents itself in school environments, as we try to understand, above all, the ways in which the school produces and reproduces notions of violent masculinity that are connected to different types of oppression experienced by individuals in this model of sociability. Regarding the methodological aspects of this study, we chose to carry out an exploratory research, using the method of historical materialism. Since this is a work of a theoretical bibliographic nature, in which readings of authors who deal with the themes related to this work were carried out, excerpts that highlight the nature of the studied phenomenon were extracted. Furthermore, the texts were studied using the immanent reading technique in which the readings are scrutinized so that we can delve deeper into the interpretation of what was read, reaching the fundamental categories of the object studied. We conclude that the school is an instance of class society and, therefore, intentionally and actively contributes to the construction of notions of masculinity that produce violence in school settings. There is no possibility of building a truly plural masculinity that is far from the production of violence in schools within capitalism since the essence of class society is directly linked to the oppression of some in favor of others. This work can serve, for teachers' formation, as a starting point for discussions about the gender dynamics that are present in schools, preparing teachers to be more critical when it comes to these issues, so that they can intervene intentionally to combat this problem.