Exposição ocupacional e ambiental aos agrotóxicos por trabalhadores rurais do Agreste alagoano
Exposição ocupacional e ambiental aos agrotóxicos por trabalhadores rurais do Agreste alagoano
<kellyferreirasl@gmail.com>
Introdução: Os agrotóxicos, comumente conhecidos como pesticidas, constituem uma classe de produtos químicos sintéticos que são utilizados para matar pragas. Além disso, a persistência desses compostos no meio ambiente levanta preocupações sobre impactos na saúde humana e na ecologia local, contribuindo para a contaminação de solos, águas subterrâneas e superficiais, representando potenciais riscos para comunidades agrícolas e ao meio ambiente. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo analisar a exposição ocupacional e ambiental aos agrotóxicos em uma população rural de Arapiraca- AL. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional descritivo e transversal, com abordagem quantitativa, envolvendo trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos nas Unidades Básicas de Saúde de Pau d'Arco, Bananeiras, Batingas e Capim, no município de Arapiraca, Alagoas, durante março de 2022. Para coleta de dados, foram utilizados três questionários semi-estruturados abordando: a) perfil socioeconômico dos trabalhadores; b) exposição ocupacional a agrotóxicos; c) exposição ambiental a agrotóxicos. A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva, apresentada em gráficos e tabelas explicativas. Resultado: Um total de 137 trabalhadores rurais com exposição a agrotóxicos participaram do estudo. Destacam-se mulheres entre 40 e 49 anos (29,2%), solteiras, separadas, divorciadas ou viúvas (80,3%), com predominância na cor de pele preto/pardo (79,6%). Quanto à escolaridade, a maioria possui ensino fundamental incompleto (64,2%). A residência geralmente abriga de 1 a 3 pessoas (50,4%), com 1 a 3 filhos (61,3%), renda mensal de até 1 salário mínimo (58,4%), complementada por auxílio governamental (57,7%). A maioria nega consumo de álcool (62,0%) e tabaco (77,4%), além de ter acesso a saneamento básico e água encanada (29,6%). Destaca-se que (75,2%) desses trabalhadores atuam no campo, dedicando de 8 a 10 horas diárias, sendo que (12,4%) trabalham mais de 10 horas por dia. A principal atividade no campo é a preparação de agrotóxicos (90,5%), com (43,1%) dedicando menos de 5 horas à aplicação, com predominância de contato direto com os agrotóxicos (72,3%). A última exposição a agrotóxicos para 26,2% ocorreu em 2021. A maioria (78,1%) consome o que planta, destacando-se as raízes e tubérculos (40,6%). Quanto ao armazenamento, (20,4%) têm local exclusivo, (46,7%) têm contato cutâneo com agrotóxicos, e (74,5%) lavam as roupas separadamente após aplicação. Em relação à aplicação, (51,8%) não sentem medo, (68,9%) não têm treinamento para manuseá-los, a maioria utiliza pulverizadores costais (56,9%) e acredita que os agrotóxicos podem causar danos. Em relação ao uso de EPI, a maioria não os utiliza, com exceção das botas, usadas por (61,3 %) dos trabalhadores. Conclusão: A exposição a agrotóxicos entre trabalhadores rurais em Arapiraca- AL é preocupante, principalmente devido ao uso inadequado de EPIs e a falta de treinamento. Nesse sentido, a enfermagem tem um papel crucial na educação e prevenção de riscos ocupacionais. É essencial promover o uso correto de EPIs e práticas agrícolas mais seguras. Ações conjuntas de políticas públicas, educação e conscientização são necessárias para garantir a segurança e o bem-estar desses trabalhadores.
Introduction: Pesticides, commonly known as pesticides, constitute a class of synthetic chemicals that are used to kill pests. Furthermore, the persistence of these compounds in the environment raises concerns about impacts on human health and local ecology, contributing to the contamination of soils, groundwater and surface waters, posing potential risks to agricultural communities and the environment. Objective: The present study aimed to analyze occupational and environmental exposure to pesticides in a rural population of Arapiraca-AL. Methodology: This is a descriptive and cross-sectional observational study, with a quantitative approach, involving rural workers exposed to pesticides in the Basic Health Units of Pau d'Arco, Bananeiras, Batingas and Capim, in the municipality of Arapiraca, Alagoas, during March 2022. For data collection, three semi-structured questionnaires were used covering: a) socioeconomic profile of workers; b) occupational exposure to pesticides; c) environmental exposure to pesticides. Data analysis was carried out using descriptive statistics, presented in graphs and explanatory tables. Results: A total of 137 rural workers with pesticide exposure participated in the study. Women aged 40 to 49 (29.2%) were prominent, predominantly single, separated, divorced, or widowed (80.3%), with a majority having a black/brown skin tone (79.6%). Regarding education, most had incomplete primary education (64.2%). Residences typically housed 1 to 3 people (50.4%), with 1 to 3 children (61.3%), monthly income of up to 1 minimum wage (58.4%), supplemented by government aid (57.7%). The majority denied alcohol (62.0%) and tobacco (77.4%) consumption, with access to basic sanitation and piped water (29.6%). Notably, 75.2% of these workers operated in the field, dedicating 8 to 10 hours daily, with 12.4% working more than 10 hours a day. The primary field activity is pesticide preparation (90.5%), with 43.1% spending less than 5 hours on application and a predominance of direct contact with pesticides (72.3%). For 26.2%, the last pesticide exposure occurred in 2021. Most (78.1%) consume what they grow, emphasizing roots and tubers(40.6%). Regarding storage, 20.4% have exclusive storage, 46.7% have dermal contact with pesticides, and 74.5% wash clothes separately after application. Concerning application, 51.8% feel no fear, 68.9% lack training, most use backpack sprayers (56.9%), and believe pesticides can cause harm. Regarding the use of personal protective equipment (PPE), the majority do not use them, except for boots, worn by 61.3% of workers. Conclusion: Exposure to pesticides among rural workers in Arapiraca-AL is worrying, mainly due to the inadequate use of PPE and lack of training. Nursing has a crucial role in education and prevention of occupational risks. It is essential to promote the correct use of PPE and safer agricultural practices. Joint actions of public policies, education and awareness are necessary to guarantee the safety and well-being of these workers.
Dr.ª Farias, Karol Fireman de.
´Trabalhadoras rurais.
Trabalhadores agrícolas.
Saúde rural.
Acesso restrito solicitado pela autora. Provável liberação em 06 fev. 2025.
Acesso aberto em 19 fev. 2025.