O manejo clínico do gestalt-terapeuta que atende casais : uma análise do filme “Um divã para dois”
O manejo clínico do gestalt-terapeuta que atende casais : uma análise do filme “Um divã para dois”
<john.santos1@arapiraca.ufal.br>
Essa pesquisa teve como objetivo geral discutir sobre a atuação do Gestalt-terapeuta que atende casais a partir da análise do filme “Um Divã para Dois”. Em virtude disso, foram elencados quatro objetivos específicos: discutir historicamente os conceitos de casamento e família; conceituar a psicoterapia de casal, conjugal e familiar; apresentar as principais demandas e formas de intervenção com casais na clínica; e identificar e analisar aspectos do funcionamento do casal do filme “Um Divã para Dois” a partir da abordagem gestáltica. Em relação aos caminhos metodológicos adotados, trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória, descritiva e documental, a qual analisou 13 cenas do filme “Um Divã para Dois”. O método analítico escolhido foi a análise de conteúdo de Laurence Bardin, que resultou em 5 categorias temáticas: 1. Relações de Gênero e Sexualidade; 2. Rotina; 3. Identidade; 4. Comunicação; e 5. Manejo Clínico. Entre os resultados obtidos, ao tomar como ponto de partida a correlação entre o modo de funcionamento do casal do filme “Um Divã para Dois” (Kay e Arnold) e os conceitos da abordagem gestáltica, foi possível perceber como as relações conjugais são palco para a expressão de repetições, cristalizações e evitações do contato (tendo por base a análise da relação estabelecida entre o casal retratado no filme), demandando, assim, do Gestalt-terapeuta, um olhar crítico e atento voltado aos variados contextos que circundam os sujeitos (individualidade) e as suas relações íntimas (conjugalidade). Nesse cenário, é importante considerar também que esses sujeitos, em suas interações com o mundo (na fronteira de contato), são fortemente influenciados por marcadores sociais como idade, gênero, sexualidade, raça, etnia, classe social, escolaridade, regionalidade, entre outros. Partindo desse ponto de vista, entende-se que, na Psicoterapia de Casal de base gestáltica, é fundamental atuar de forma isenta de pré-conceitos e capaz de fomentar um setting terapêutico em que o casal se sinta livre para se expressar, como também que as intervenções feitas facilitem o processo de tomada de consciência (awareness) e instiguem novos ajustamentos criativos, que sejam mais fluidos e saudáveis. Ademais, salienta-se que cada casal é único na sua forma de ser e se relacionar, a qual é permeada por múltiplas influências socioculturais. Por isso, esse profissional precisa mediar o processo psicoterapêutico de modo a oferecer um suporte (sendo um heterossuporte que promove o autossuporte) em meio aos fenômenos (figuras) que aparecem ao longo da Psicoterapia de Casal. Por fim, compreende-se que o manejo clínico do Gestalt-terapeuta que atende casais exige sensibilidade às particularidades de cada relação, sendo imprescindível considerar todos os elementos envolvidos, além de uma criatividade ao propor suas intervenções, de modo a oferecer um atendimento ético e humanizado.
The general objective of this research was to discuss the work of Gestalt therapists who treat couples based on an analysis of the film “The Couch for Two”. As a result, four specific objectives were listed: to discuss the concepts of marriage and family historically; to conceptualize couple, conjugal and family psychotherapy; to present the main demands and forms of intervention with couples in the clinic; and to identify and analyze aspects of the functioning of the couple in the film “The Couch for Two” based on the Gestalt approach. Regarding the methodological approaches adopted, this is a qualitative, exploratory, descriptive and documentary research, which analyzed 13 scenes from the film “The Couch for Two”. The analytical method chosen was Laurence Bardin’s content analysis, which resulted in 5 thematic categories: 1. Gender Relations and Sexuality; 2. Routine; 3. Identity; 4. Communication; and 5. Clinical Management. Among the results obtained, by taking as a starting point the correlation between the way the couple in the film “A Couch for Two” (Kay and Arnold) functioned and the concepts of the Gestalt approach, it was possible to perceive how marital relationships are a stage for the expression of repetitions, crystallizations and avoidance of contact (based on the analysis of the relationship established between the couple portrayed in the film), thus demanding from the Gestalt therapist a critical and attentive look focused on the various contexts that surround the subjects (individuality) and their intimate relationships (conjugality). In this scenario, it is also important to consider that these subjects, in their interactions with the world (at the contact boundary), are strongly influenced by social markers such as age, gender, sexuality, race, ethnicity, social class, education, regionality, among others. From this point of view, it is understood that, in Gestalt-based Couples Psychotherapy, it is essential to act in a way that is free from preconceptions and capable of fostering a therapeutic setting in which the couple feels free to express themselves, and that the interventions made facilitate the process of awareness and instigate new creative adjustments that are more fluid and healthy. Furthermore, it is emphasized that each couple is unique in their way of being and relating, which is permeated by multiple sociocultural influences. Therefore, this professional needs to mediate the psychotherapeutic process in order to offer support (being a hetero-support that promotes self-support) amidst the phenomena (figures) that appear throughout Couples Psychotherapy. Finally, it is understood that the clinical management of the Gestalt therapist who works with couples requires sensitivity to the particularities of each relationship, making it essential to consider all the elements involved, in addition to creativity when proposing interventions, in order to offer ethical and humanized care.
Esp. Santana, Joanir de Queiroz.
Psicoterapia.
Psicoterapia conjugal.