Imunização contra o HPV no Nordeste: uma perspectiva com dados do PNI
Imunização contra o HPV no Nordeste: uma perspectiva com dados do PNI
<marina.marta@arapiraca.ufal.br>
A adolescência é uma etapa essencial para a vacinação contra o Human Papillomavirus (HPV), vírus causador de um Infecção Sexualmente Transmissível relacionada ao câncer do colo do útero, uma das principais causas de mortalidade feminina no Brasil. Este estudo teve como objetivo avaliar a cobertura vacinal contra o HPV entre adolescentes do sexo feminino na região Nordeste do Brasil no período de 2014 a 2021. Para tanto, adotou-se uma abordagem ecológica, descritiva e exploratória, utilizando dados secundários provenientes do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização e das estimativas populacionais disponíveis em bancos de dados da saúde. A população-alvo compreendeu meninas de 10 a 14 anos distribuídas nos nove estados da região nordeste. A coleta de dados foi realizada entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, abrangendo as doses aplicadas da vacina HPV quadrivalente desde 2014 até 2021. Os dados foram organizados e tabulados em planilhas do Microsoft Excel, permitindo a geração de gráficos e tabelas que ilustraram as taxas de acesso à vacina e de cobertura anual. As taxas vacinais foram calculadas pelo método administrativo, dividindo-se o número de doses aplicadas pela população-alvo total e multiplicando-se o resultado por 100. Os resultados indicaram que, apesar de altas taxas de acesso à vacina e cobertura anual em 2014, observou-se um declínio no percentual de vacinação dos anos subsequentes. A diminuição foi consistente em todos os estados analisados, com variações específicas. Por exemplo, em Alagoas, a taxa de acesso à vacina caiu de 61,47% em 2014 para 5,99% em 2021; na Bahia, de 59,62% para 5,39%; no Ceará, de 72,13% para 7,8%; no Rio Grande do Norte, de 58,54% para 6,53%; na Paraíba, de 60,41% para 7,06%; em Pernambuco, de 61,06% para 5,03%; no Piauí, de 60,03% para 5,89%; no Maranhão, de 61,27% para 5,80%; e em Sergipe, de 61,06% para 5,03%. Em relação a cobertura anual, a taxa em Alagoas caiu de 38,47% em 2014 para 8,38% em 2021; na Bahia de 24,85% para 7,87%; no Ceará de 44,61% para 9,96%; em Pernambuco de 33,34% para 7,74%; em Sergipe de 33,82% para 7,74%; no Rio Grande do Norte 29,98% para 8,73%; no Piauí de 27,83% para 9,28%; no Maranhão de 38,08% para 7,64%; na Paraíba de 36,95% para 9,81% em 2021. A interrupção das campanhas de vacinação nas escolas, desinformação, crenças culturais e religiosas, e as barreiras socioeconômicas, contribuíram para a baixa adesão ao imunizante. Foi percebida a necessidade urgente de implementar estratégias eficazes para reverter o declínio na cobertura vacinal, como a retomada das campanhas de vacinação nas escolas, a adoção de esquemas vacinais simplificados, e a realização de ações educativas. Conclui-se que a baixa cobertura vacinal contra o HPV na região Nordeste do Brasil demanda intervenções urgentes e multidimensionais para aumentar a adesão à vacinação e proteger a saúde pública.
Adolescence is an essential stage for vaccination against Human Papillomavirus (HPV), a virus that causes a Sexually Transmitted Infection related to cervical cancer, one of the main causes of female mortality in Brazil. This study aimed to evaluate HPV vaccination coverage among female adolescents in the Northeast region of Brazil from 2014 to 2021. To this end, an ecological, descriptive and exploratory approach was adopted, using secondary data from the National Immunization Program Information System and population estimates available in health databases. The target population comprised girls aged 10 to 14 years distributed across the nine states of the Northeast region. Data collection was carried out between December 2023 and February 2024, covering doses of the quadrivalent HPV vaccine administered from 2014 to 2021. The data were organized and tabulated in Microsoft Excel spreadsheets, allowing the generation of graphs and tables that illustrated the rates of access to the vaccine and annual coverage. Vaccination rates were calculated using the administrative method, dividing the number of doses administered by the total target population and multiplying the result by 100. The results indicated that, despite high rates of access to the vaccine and annual coverage in 2014, a decline in the vaccination percentage was observed in subsequent years. The decrease was consistent in all states analyzed, with specific variations. For example, in Alagoas, the rate of access to the vaccine fell from 61.47% in 2014 to 5.99% in 2021; in Bahia, from 59.62% to 5.39%; in Ceará, from 72.13% to 7.8%; in Rio Grande do Norte, from 58.54% to 6.53%; in Paraíba, from 60.41% to 7.06%; in Pernambuco, from 61.06% to 5.03%; in Piauí, from 60.03% to 5.89%; in Maranhão, from 61.27% to 5.80%; and in Sergipe, from 61.06% to 5.03%. Regarding annual coverage, the rate in Alagoas fell from 38.47% in 2014 to 8.38% in 2021; in Bahia from 24.85% to 7.87%; in Ceará from 44.61% to 9.96%; in Pernambuco from 33.34% to 7.74%; in Sergipe from 33.82% to 7.74%; in Rio Grande do Norte from 29.98% to 8.73%; in Piauí from 27.83% to 9.28%; in Maranhão from 38.08% to 7.64%; in Paraíba from 36.95% to 9.81% in 2021. The interruption of vaccination campaigns in schools, misinformation, cultural and religious beliefs, and socioeconomic barriers contributed to low uptake of the vaccine. There was an urgent need to implement effective strategies to reverse the decline in vaccination coverage, such as resuming vaccination campaigns in schools, adopting simplified vaccination schedules, and carrying out educational actions. It is concluded that the low HPV vaccination coverage in the Northeast region of Brazil demands urgent and multidimensional interventions to increase vaccination uptake and protect public health.
Dr.ª Barbosa, Mayara Rodrigues.
Educação em saúde.
Papilomavírus humano.
Câncer cervical.