Ler e escrever na era digital: o hipertexto em aulas de língua portuguesa

Com a expansão do acesso à internet e a proliferação de tecnologias como smartphones, tablets, computadores e plataformas digitais na contemporaneidade, a maneira de construir e fazer circular sentidos por meio da linguagem passou por transformações significativas. Diante disso, surge a necessidade de atualizar as práticas de ensino e aprendizagem de leitura e produção textual nas escolas. Nesse cenário, o hipertexto destaca-se como um recurso a ser investigado nas aulas de língua materna, devido à sua organização textual não sequencial, que permite ao leitor acessar diversos textos conforme suas escolhas, por meio da virtualidade. Entre os benefícios pedagógicos do hipertexto estão as conexões interativas com diferentes materialidades textuais, o acesso rápido a informações, a construção de leituras baseadas na coautoria, a escrita colaborativa e a utilização da multimodalidade (Marcuschi, 2001). Considerando essas vantagens, a partir da análise de entrevistas semiestruturadas realizadas com professores de Língua Portuguesa em Alagoas, em cotejo com as orientações dos documentos reguladores do Ensino Médio (BNCC e ReCAL), este trabalho tem como objetivo elaborar propostas didáticas para o ensino de leitura e escrita de hipertextos. A metodologia adotada é de abordagem qualitativa e interpretativista (Bortoni-Ricardo, 2008), e o referencial teórico inclui autores como Soares (2023), Street (2014), Coscarelli (2012, 2021), Ribeiro (2008, 2018, 2021), Gomes (2010, 2011), Xavier (2010, 2011), etc. Apesar de o objetivo da pesquisa ter sido alcançado, os resultados apontam que as escolas investigadas enfrentam desafios quanto ao uso de tecnologias digitais, principalmente devido à falta de recursos e ao acesso limitado à internet de qualidade. Essas barreiras restringem os direitos de aprendizagem dos alunos postulados pelos documentos normativos, como o estudo das práticas textuais no contexto digital. Assim, verifica-se que as abordagens pedagógicas dos docentes ainda se concentram em textos impressos, resultado tanto das limitações tecnológicas quanto da ausência de formação inicial e continuada para integrar estrategicamente, em suas aulas, outras formas de ler, produzir e disseminar textos escritos, como os hipertextos em ambientes digitais.

With the expansion of internet access and the proliferation of technologies such as smartphones, tablets, computers and digital platforms in contemporary times, the way of constructing and circulating meanings through language has undergone significant transformations. In view of this, there is a need to update teaching and learning practices in reading and text production in schools. In this scenario, hypertext stands out as a resource to be investigated in mother tongue classes, due to its non-sequential textual organization, which allows the reader to access different texts according to their choices, through virtuality. Among the pedagogical benefits of hypertext are interactive connections with different textual materialities, quick access to information, the construction of readings based on co-authorship, collaborative writing and the use of multimodality (Marcuschi, 2001). Considering these advantages, based on the analysis of semi-structured interviews carried out with Portuguese language teachers in Alagoas, in comparison with the guidelines of secondary education regulatory documents (BNCC and ReCAL), this work aims to develop didactic proposals for teaching reading and writing hypertexts. The methodology follows a qualitative and interpretative approach (Bortoni- Ricardo, 2008), and the theoretical framework includes authors such as Soares (2023), Street (2014), Coscarelli (2012, 2021), Ribeiro (2008, 2018, 2021), Gomes (2010, 2011), Xavier (2010, 2011), among others. Although the research objective was achieved, the results indicate that the schools investigated face challenges regarding the use of digital technologies, mainly due to the lack of resources and limited access to quality internet. These barriers restrict students' learning rights as outlined in normative documents, such as the study of textual practices in the digital context. Like this, teachers' pedagogical approaches still focus on printed texts, stemming from both technological limitations and the lack of initial and ongoing training to strategically integrate other ways to readg, producing, and disseminating written texts, such the hypertexts in digital environments, into their lessons.