A figura do anti-herói como símbolo da redenção do homem e representação do povo nordestino: o Auto da compadecida

Esta pesquisa é norteada pelo estudo da figura do anti-herói, as características mais marcantes da sua personalidade e os motivos que levaram Ariano Suassuna escolher um personagem pouco nobre como João Grilo como protagonista de o Auto da Compadecida. Nossa análise permeia transversalmente, ainda, os conceitos de intertextualidade, o diálogo com a literatura de cordel e as raízes populares nordestinas impressas em sua obra. Analisaremos a trajetória que leva o serzinho amarelo, franzino, sem formosura, de pernas tortas a ganhar o status de símbolo de força e representação emblemática da luta do povo sertanejo. Para se a tais conclusões consideraremos os conceitos de Suassuna (2012) a cerca do romanceiro popular e da criação de uma literatura exclusivamente brasileira, bem como as apreciações acerca de herói e anti-herói encontrados em Cardoso (2014), que define a ideia de herói mitológico apresentado por Werner Jaeger (1986) possuidor de uma índole moral invejável, exemplo de virilidade e força, índole inabalável, que não se deixa influenciar pelo meio. Em contraponto, temos a figura do anti-herói, que nos é trazido a partir do conceito de Victor Brombert (2004), salientando-o como principal contraponto ao herói tradicional, não por ser vilão, mas por ser um homem comum, um “herói” alcançável. 

This research is guided by the study of the figure of the anti-hero, the most striking characteristics of his personality and the reasons that led Ariano Suassuna to choose a lesser character like João Grilo as the protagonist of O Auto da Compadecida. Our analysis transversally permeates the concepts of intertextuality, the dialogue with cordel literature and the Northeastern popular roots printed in his work. We will analyze the trajectory that leads the little yellow being, frail, without beauty, with crooked legs to gain the status of symbol of strength and emblematic representation of the struggle of the backcountry people. In order to reach such conclusions, we will consider the concepts of Suassuna (2012) about the popular novelist and the creation of an exclusively Brazilian literature, as well as the appreciations about hero and anti-hero found in Cardoso (2014), which defines the idea of mythological hero presented by Werner Jaeger (1986) possessing an enviable moral nature, an example of virility and strength, an unshakable nature, which does not allow itself to be influenced by the environment. In contrast, we have the figure of the anti-hero, which is brought to us from the concept of Victor Brombert (2004), emphasizing him as the main counterpoint to the traditional hero, not because he is a villain, but because he is a common man, a " attainable hero.