Obras de escritoras negras em espaços de educação formal e não formal: reconstrução das narrativas, promoção das identidades e autoestima positivada do povo negro
Obras de escritoras negras em espaços de educação formal e não formal: reconstrução das narrativas, promoção das identidades e autoestima positivada do povo negro
<alice.pereira@arapiraca.ufal.br>
Este trabalho teve como objetivo analisar experiências de formação em espaços de educação formal e não formal que, através do uso de obras de escritoras negras, tiveram impacto sobre a reconstrução da minha autoestima como educadora negra e antirracista. A partir do contato com obras como Tayó em Quadrinhos (Oliveira, 2021), A pele que eu tenho (hooks, 2022), e Olhos D’Água (Evaristo, 2016), o estudo busca compreender como a literatura de autoria negra, por via de sua utilização em contextos de educação formal ou não formal, pode ressignificar o lugar do negro na sociedade, promover uma visão positivada das identidades negras e influenciar práticas pedagógicas antirracistas. A pesquisa também reflete sobre a experiência no projeto Mulheres Negras na História: A Busca pela Memória Perdida — o qual integrei — realizado em Arapiraca-AL, que visou resgatar e divulgar histórias de mulheres negras silenciadas pela narrativa oficial, e a experiência como estudante do curso de Pedagogia, na disciplina Saberes e Metodologias do Ensino de História 2, da Universidade Federal de Alagoas, campus Arapiraca, em que se discutiu a importância da literatura negra anos iniciais do ensino fundamental. As reflexões desenvolvidas neste trabalho foram enriquecidas por intalectuais negras com Pinheiro (2023), Carine (2023), Davis (2016), Gomes (2003, 2006) e Ribeiro (2017, 2019). A pergunta central que orienta o trabalho é: quais são as contribuições das obras de escritoras negras no processo de formação em espaços formais e não formais de educação? O estudo estrutura-se em três eixos principais: (1) compreender o impacto das narrativas racistas na construção das identidades negras e a necessidade de romper com modelos hegemônicos de representação; (2) Identificar o papel das obras de autoras negras na desconstrução de estereótipos e na promoção de uma autoimagem positivada; (3) refletir sobre a aplicação dessas obras em práticas pedagógicas antirracistas. A metodologia baseia-se no conceito de escrevivência, cunhado por Evaristo (2020), que valoriza a escrita como forma de resgatar as vozes e experiências das mulheres negras, rompendo com narrativas coloniais desumanizadoras. Foram analisados dois momentos em minhas escrevivências: o primeiro ocorreu no espaço formal de educação, na disciplina Saberes e Metodologias do Ensino de História 2, do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiraca, e o segundo foi no contexto da educação não formal, na minha atuação no desenvolvimento do projeto Mulheres negras na história: a busca pela memória perdida, realizado por um coletivo de leitura do município de Arapiraca. Como resultado, o trabalho evidencia que valorizar as narrativas negras nos espaços educacionais contribui para a reconstrução de histórias e memórias apagadas, fortalece a autoestima e identidades do povo negro e promove uma educação antirracista. Conclui-se que obras de autoria negra são ferramentas fundamentais para desconstruir estereótipos, combater o racismo estrutural e construir uma sociedade onde a diversidade, as contribuições históricas e culturais dos povos negros sejam reconhecidas e celebradas.
This study investigates the profound impact of engagement with literature by Black female writers on my self-esteem and anti-racist pedagogical development as a Black educator within both formal and non-formal educational settings. Based on works such as Oliveira's Tayó em Quadrinhos (2021), hooks's A pele que eu tenho (2022), and Evaristo's Olhos D’Água (2016,) the research seeks to understand how such literature can reframe the societal position of Black individuals, foster positive Black identities, and inform anti-racist pedagogical approaches. The research also reflects on my experience in the project Mulheres Negras na História: A Busca pela Memória Perdida, which aimed to reclaim and disseminate narratives of Black women often silenced by official narratives, and the experience as a Pedagogy student in the course Saberes e Metodologias do Ensino de História 2, at the Federal University of Alagoas, Arapiraca campus, where the significance of Black literature in early elementary education was discussed. These reflections are significantly enriched by the theoretical contributions of Black intellectuals, including Pinheiro (2023), Carine (2023), Davis (2016), Gomes (2003, 2006), and Ribeiro (2017, 2019). The central research question guiding this work is: What are the contributions of the works of Black women writers in the process of training within formal and informal learning environments? The study is therefore structured around three main axes:1. Understanding the impact of racist narratives on the formation of Black identities and the imperative to dismantle hegemonic representational models.2. identify the role of works by Black authors in deconstructing stereotypes and promoting positive selfimage.3.Reflecting on the practical application of these works in anti-racist pedagogical practices.The methodology is based on the Evaristo's (2020) concept of escrevivência (writingexperience), which values writing as a way of rescuing the voices and experiences of black women, breaking with dehumanizing colonial narratives.Two moments in my writings were analyzed: the first occurred in the formal learning environment, in the course Mulheres Negras na História: A Busca pela Memória Perdida, in Pedagogy program at the Federal University of Alagoas, Arapiraca Campus, and the second moment was in the context of non-formal education, in my work in the development of the project Black women in history: the search for lost memory, carried out by a reading collective in the city of Arapiraca. As a result, the work demonstrates that the valorization of black narratives in educational spaces contributes to the reconstruction of suppressed histories and memories, enhances the self-esteem and identities of black individuals, and promotes an anti-racist education. It is concluded that works by Black authors are fundamental tools for deconstructing stereotypes, combating structural racism, and building a society where the diversity, historical, and cultural contributions of Black people are recognized and celebrated.
Dr.ª Silva, Jane Marinho da.
Educação antirracista.
Escritoras negras.
Negras na literatura.
Negros - Identidade racial.