"Aluga-se uma preta": memória, crítica e resistência na poesia de Fernanda Bastos

A presente pesquisa busca analisar a representação da mãe-preta, tomando como objeto de estudo o poema “Mãe preta”, presente na obra Dessa cor (2018), de Fernanda Bastos. Tal representação contrapõe-se à imagem idealizada difundida por nomes como Gilberto Freyre, que contribuiu para a consolidação do mito da democracia racial brasileira. De caráter qualitativo e bibliográfico, o estudo estabelece diálogo com autoras como Sueli Carneiro, bell hooks, Lélia Gonzalez e Sonia Maria Giacomini, a fim de contextualizar as dimensões históricas e culturais dessa personagem. Assim, pretende-se contribuir não apenas para a visibilidade da literatura de Bastos, mas também para a reflexão acerca dos resquícios do legado da escravidão sobre o corpo feminino negro, bem como para reafirmar a relevância da literatura no processo de descolonização dos imaginários sociais.

This research aims to analyze the representation of the mãe-preta (black mother figure), taking as its object of study the poem “Mãe Preta”, included in Fernanda Bastos’s work Dessa cor (2018). Such representation contrasts with the idealized image disseminated by authors such as Gilberto Freyre, who contributed to the consolidation of the myth of Brazilian racial democracy. With a qualitative and bibliographical approach, the study engages in dialogue with authors such as Sueli Carneiro, bell hooks, Lélia Gonzalez, and Sonia Maria Giacomini in order to contextualize the historical and cultural dimensions of this figure. Thus, the research seeks not only to promote greater visibility for Bastos’s literature, but also to reflect on the remnants of slavery’s legacy on the black female body, as well as to reaffirm the relevance of literature in the process of decolonizing social imaginaries.