De discurso em discurso se fazem as mulheres: o livro didático como instrumento de letramento e construção identitária
De discurso em discurso se fazem as mulheres: o livro didático como instrumento de letramento e construção identitária
Embora algumas transformações tenham ocorrido na sociedade brasileira nas últimas décadas e os direitos femininos tenham sido ampliados, ainda são constantes na mídia, nas ruas, na escola, na igreja, na vida cotidiana discursos que tendem a colocar as mulheres em condições de dependência e submissão. Nesse contexto, resolvemos voltar nossa atenção para os discursos que circulam em livros didáticos, buscando analisar e discutir que significados são construídos acerca dos diversos modos de “ser” mulher, em questões de exercício de um livro didático do segundo ano da coleção “Girassol: saberes e fazeres do campo”. Para tanto, orientamo-nos pelo viés da pesquisa qualitativa e por uma concepção de língua(gem) como uma atividade interativa (BAKHTIN, 2010), como forma de ação/performance (BUTLER, 2014), em que os sujeitos, ao interagirem com o(s) outro(s), estão construindo papéis, relações, valores, crenças e ideologias ao se posicionam em determinadas identidades sociais. A análise das questões de exercícios apontou para a construção de uma visão essencializada da feminilidade, em que características como doçura, beleza, fragilidade estariam ligadas à morfologia das mulheres. Além disso, foi constante uma visão dicotômica das relações de gênero e a imposição de padrões de masculinidade e feminilidade hegemônicos, sendo as outras (novas) formas de feminilidade quase sempre silenciadas.
Esp. Araújo Neto, Humberto Meira de.
Letramento.
Feminilidade.
Performance de gênero.
Identidade da mulher.